Relatório
de viagem
Paris
/ França
Período:
de 10/11 a 28/11/2010
Objetivo:
Na condição de Coordenador da
COCAU, recebi convite enviado pelo diretor – Sr. Jean- Claude Moreno - da École
National Superieure Paris – Val de Seine para participar dos trabalhos
desenvolvidos pelo “Atelier Tabet” naquela escola durante 2 semanas.
INTRODUÇÃO
Este
afastamento teve como objetivo conhecer a experiência didático – pedagógica
desenvolvida pelo “Atelier Tabet” na École National Superieure d’Architecture Paris
– Val de Seine, situada a 3/15 quai Panhard et Levassor, 75013, Paris. O
“Atelier Tabet” é uma reelaboração do antigo “Atelier” da École des Beaux Arts.
Os trabalhos são desenvolvidos de maneira que os estudantes possam desenvolver
seus trabalhos em diferentes momentos – trabalhos individuais e trabalhos
coletivos.
Considerando
ainda que sou coordenador dos convênios de intercâmbio de professores e alunos estabelecidos
pela FAUUSP com as escolas francesas - École Nationale Superieure d’Architecture de
Paris La Villete
- e - École Nationale Superieure
d’Architecture de Paris Belleville -, um dos objetivos desta viagem foi
desenvolver essas relações no sentido de discutir políticas para
desenvolvimento desses intercâmbios, além de procurar resolver problemas que
temos vivido em função de número de vagas e solicitações diretas sem
interveniência da CCINT-FAU.
Além disso, esta viagem teve como objetivo um novo
contato com a École National Superieure d’Architecture de Nancy, na medida em que
estamos já em processo de intercâmbio de alunos sem ainda termos assinado o
necessário convênio.
Tendo como objetivo a minha linha de pesquisa,
reservei parte do tempo para elaborar pesquisa bibliográfica em algumas
bibliotecas.
PROGRAMA
DE TRABALHO
Dia
|
Hora
|
Contato
|
Observação
|
11/11
|
14:00
|
Chegada
em Paris
|
Definição de alojamento.
|
12/11
|
11 :00
|
ENSA Paris – Val de Seine
Marco Tabet
|
Contatos iniciais e definição
de agenda
|
13/11
|
|
Sábado
|
|
14/11
|
|
Domingo
|
|
15/11
|
10 :00
|
ENSA
Paris – Val de Seine
|
Conhecer o atelier e maneira
/ forma de funcionamento
|
15 :00
|
Biblioteca da Cité de
l’architecture e Patrimoine /
|
|
16/11
|
10 :00
|
ENSA
Paris – Val de Seine
Atelier
Tabet
|
Contato com alunos e orientação
de trabalhos
|
15 :00
|
Biblioteca da ENSA Paris –
Val de Seine
|
|
17/11
|
10:00
|
ENSA
Paris – Val de Seine
Atelier
Tabet
|
Participação em avaliação de
trabalhos
|
18/11
|
11:00
|
Saída de Paris em direção a
Nancy
|
|
19/11
|
13:30
|
Vista a ENSA de Nancy
|
Reunião com professor
|
20/11
|
|
Sábado
|
|
21/11
|
|
Domingo
|
|
22/11
|
10:00
|
ENSA
Paris – Val de Seine
Atelier
Tabet
|
Participação em avaliação de
trabalhos
|
23/11
|
10:00
|
ENSA
Paris – Val de Seine
Atelier
Tabet
|
Participação em avaliação de
trabalhos
|
15:00
|
ENSA
Paris - LaVillette
|
Reuniãoc/Nicole Videment
|
24/11
|
10 :00
|
ENSA
Paris – Val de Seine
Atelier
Tabet
|
Participação em discussão de
trabalhos
|
25/11
|
10 :00
|
ENSA
Paris – Val de Seine
Atelier
Tabet
|
Participação em orientação de
trabalhos
|
26/11
|
10 :00
|
ENSA
Paris - Belleville
|
Reuniãoc/Crestin-Billet
|
11 :00
|
Biblioteca da ENSA Paris – Belleville
|
|
15 :00
|
ENSA
Paris – Val de Seine
Atelier
Tabet
|
Participação em orientação de
trabalhos
|
CONSIDERAÇÕES GERAIS
1.
“Atelier”
/ ENSA Paris-Val de Seine.
A École
National Superieure d’Architecture Paris – Val de Seine desenvolve o ensino de
projeto de duas maneiras distintas. Uma delas, chamadas de “Studios”
corresponde ao ensino de projeto como é desenvolvido na maioria das escolas no
Brasil: os alunos elaboram um ou dois projetos durante todo o semestre letivo
com a orientação de um professor. A outra forma trata-se do que costumamos
chamar de Atelier Vertical onde alunos de todos os períodos trabalham num mesmo
espaço, de maneira individual e/ou coletiva, conforme programação elaborada
pelo conjunto dos professores. Cada “Atelier” tem cerca de 40 a 50 alunos.
O
convite que recebi foi para conhecer e participar durante duas semanas das
atividades de um desses ateliers – o “Atelier Tabet” que é coordenado pelo
Prof. Dr. Marco Tabet.
A
experiência foi muito boa no sentido de compreender a metodologia utilizada
pelos “Ateliers” dessa escola e da estrutura/grade horária para ensino do
projeto arquitetônico e urbano.
O curso
é, segundo “Resolução de Bolonha”, dividido em 1º e 2º ciclos. O 1º ciclo é
composto por 6 semestres (3 anos) e o 2º ciclo tem 4 semestres (2 anos).
Neste
relatório me limitarei a comentar somente o curso de projeto arquitetônico e
urbano, na medida em que, o ensino da prática tanto do projeto arquitetônico
como do projeto urbano se dão numa mesma disciplina chamada “Exercício de
Projeto”.
Segue
abaixo tabela demonstrativa dos tempos dedicados ao projeto durante o primeiro
ciclo.
1º ciclo
|
Horas
Sala de aula
|
Horas
Extra sala
|
% de horas para projeto em relação às outras
disciplinas
|
1º semestre
|
120
|
110
|
36,5%
|
2º semestre
|
120
|
110
|
32,5%
|
3º semestre
|
120
|
170
|
44,3%
|
4º semestre
|
120
|
170
|
40,0%
|
5º semestre
|
90
|
176
|
37,8%
|
6º semestre
|
90
|
170
|
36,8%
|
Durante
o segundo ciclo, independentemente do tema de aprofundamento do aluno, ele
permanece nos “Ateliers”, ou nos “Studios”.
Tive
oportunidade de observar o esvaziamento dos “Studios” onde o professor orienta
certo número de alunos de maneira individual e em alguns dias da semana. A efervescência
dos “Ateliers” se dá em função da presença de professores em todos os dias da
semana durante todo o período (das 8 à 18 hs), além da possibilidade de
permanência na escola até as 21 hs. Professores de outras disciplinas, tais
como, tecnologia, história, etc. são chamados para discutir e orientar os
alunos em suas dificuldades práticas
Além disso, a própria estrutura física e
organizacional permite essa atividade constante. Cada grupo de alunos (por ano)
tem seu espaço definido, ao lados dos alunos de outros anos. Outro aspecto
aglutinador é a existência do “massier”, trata-se de um aluno eleito pelo grupo
de alunos para administrar e gerenciar da “massa” por um determinado período. A
“massa” é o conjunto de materiais (papel, canetas, lápis de cor, madeira e
papeis especiais para maquete, etc.) que estão permanentemente à disposição de
todos os alunos, sendo que, para tanto, todos contribuem, de maneira
equitativa, com uma parcela desses custos. O espaço físico também propicia a
formação dessa pequena comunidade, na medida em que, é um espaço com segurança
onde ficam trabalhos e materiais sobre as mesas, de maneira que possa ser
retomado a qualquer instante. Lá eles almoçam, tomam lanche, etc. Alguns
equipamentos são doados por alunos, ex-alunos ou professores, equipamentos tais
como: geladeira, micro-ondas, etc.
Didaticamente
os alunos são organizados por ano (1º, 2º e assim sucessivamente) considerando
que o acesso ao curso somente se dá anualmente. No primeiro momento, ao
ingressar no curso, o conjunto dos alunos do 1º ano (cerca de 150) são
distribuídos aleatoriamente entre “Studios” e “Ateliers”; somente a partir do
segundo ano é aceita a mobilidade de entre processos de ensino.
Alunos do 3º ano em torno do professor de estrutura discutindo
coletivamente o trabalho que está sendo desenvolvido
Os
trabalhos são desenvolvidos individualmente em grande parte do tempo
disponível, entretanto, a programação é bastante pesada no sentido de entregas
de trabalho ou etapas de trabalho a cada duas semanas, além de encontros
coletivos (todos os alunos do “Atelier”) onde desenvolvem atividades
programadas com os mais diferentes conteúdos. Todo trabalho ou etapa de
trabalho é avaliado coletivamente com exposição onde os comentários e análises
são feitas para todo o grupo de alunos envolvidos.
Apresentação de trabalhos de
alunos do 2º ano
Maquetes do 2º ano
Apresentação de trabalhos do 1º
ano
Chama a
atenção a solidariedade existente entre alunos, os quais se colocam a disposição
para dos colegas de outros semestres para esclarecimento de dúvidas,
orientações específicas ou trocas de informações, mesmo que estejam
desenvolvendo trabalhos completamente particulares. O “Atelier” forma uma
comunidade solidária, por exemplo, quando os alunos de um semestre têm um
trabalho para entregar outros alunos procuram ajudar, contribuindo com
conhecimentos já adquiridos.
Além
disso, essa solidariedade se estende também aos professores e egressos. Nota-se
a presença de ex-alunos nos mais diferentes horários. Visitam o “Atelier” a
pedido ou convite dos colegas estudantes.
As atividades
dos “Ateliers” não se limitam a trabalhos acadêmicos. Freqüentemente, as sextas
feiras, são organizadas festas ou atividades extra-curriculares (por ex:
palestras) no início da noite. Esses encontros terminam sempre com uma festa
com a participação de professores, alunos e ex-alunos.
Nos dias
em que estive lá pude participar de uma dessas festas. Tratava-se de um
concurso de doces e coquetéis elaborados e apresentados pelos alunos do 1º anos
os quais eram avaliados por alunos do último ano e por ex-alunos convidados; a
avaliação se referia tanto à qualidade dos produtos quanto à forma de
apresentação o que provoca fantasias, músicas especiais, danças, etc.
Preparando o espaço para a festa.
Preparando os coquetéis e doces
Alunos apresentando e júri
anotando segundo critérios definidos
2.
Visita à ENSA de Nancy.
Conforme
informado anteriormente, um de nossos objetivos era estabelecer um encontro com
a ENSA de Nancy (situada a 2, rue Bartien-Lepage / Nancy) com o objetivo
concretização do convênio de intercâmbio com a FAUUSP.
Trata-se
de uma escola muito ligada ao curso de engenharia (mesmo fisicamente, os
edifícios são um ao lado do outro) e às atividades desenvolvidas pela região –
madeira e vidro.
O plano
de trabalho didático pedagógico está estruturado segundo a “Resolução de
Bolonha” e é interessante notar que o 2º ciclo, que é a fase de aprofundamento
dos conhecimentos adquiridos no 1º ciclo (licence), está voltado ás atividades
locais – vidro, madeira e design.
O 2º
ciclo (chamado na Europa de MASTER) é estruturado em 3 cursos diferentes:
-
Architecture / Modelisation / Environnement
- Verre
/ Design / Architecture.
-
Architecture / Bois / Construction.
Esta
escola propicia também o 3º ciclo (Doctorat) em “Sciences de
l’ Architeture”.
3.
ENSA Paris-La Villete (École Nationale Superiere
d’Architecture Paris-La Villette)
Esta
visita tinha como objetivo estabelecer contato com Sra. Nicole Videment (nicole.videment@paris-lavillette.archi.fr)
no sentido de definir padrões de atitudes em função de estarmos (CCINTFAU) com
alguns problemas quanto a informações dadas a alunos fora do convênio, os quais
entravam em contato direto com a escola francesa sem passar pelo processo seletivo
da CCINTFAU. O contato teve sucesso e ficou combinado que as vagas oferecidas
por aquela escola são as definidas pela convenção, dessa forma evitando mal
entendidos.
Entrada da escola
Livros que devem ser lidos
4.
ENSA Paris-Belleville (École Nationale Superiere
d’Architecture Paris-Belleville)
Assim
como no caso anterior, a FAUUSP já tem convênio assinado com esta escola e já
temos estudantes em intercâmbio e, em função disso, procurei nossa
interlocutora (Blandine Crestin-Billet – blandine.crestin-billet@paris-belleville.archi.fr)
no sentido de aprofundarmos as relações já conveniadas.
Esta
escola encontra-se em um novo edifício executado para recebê-la. Trata-se de um grande edifício
anexado a uma escola secundária antiga que foi restaurada.
Vista da Rua
Pátio interno
ANEXO 1. - Bibliografia
Levantada
ARNAUD, François, CLING, Daniel, Transmettre en Architecture de l’heritage de
Le Corbusier à l’ enseignement de Henri Ciriani, Paris : Editions du
Moniteur, 2002
BIAU, Veronique, LAUTIER, François , La qualité architectural – Acteurs e Engeux
, Paris : Editions La
Villette, 2009.
BOUDON, Philippe, Conception
, Paris : Editions La
Villette, 2004
BOUDON, Philippe, Échelle(s) – La bibliotèque des Formes, Paris : Ed. Economica,
2002
CONAN, Michel, Concevoir
un projet d’architecture, Paris : L’Harmattan, 1990
DUCRET A., GRIN C., MARTI P. & SOEDERSTROEM O., Architecte en Suisse. Enquête sur une profession en
chantier, Lausanne: PPUR/Le savoir suisse, 2003, 128 pp. (ISBN
2-88074-577-29)
DURAND, Jean Pierre, La representatio du projet- aproche pratique
et critique, Paris : Ed. De La Villette, 2003
HODDÉ, Rainier (org), Qualités Architecturales – Conception,
Signification, Position. Paris : Ed. Jean Michel Place, 2006
HUET, Michel, L’Architecte auteur- Pratiques quotidiennes de droit d’auteur en
architecture, paysage e urban, Paris, Ed du Moniteur, 2005
PROST, Robert , Concevoir, Inventer, Créer / Réflexions sur
le pratiques, Paris, L’Harmattan, 2005
VALCÁRCEL, Antonio Garcia, Deontología para Arquitectos, Navarra,
Escuela Técnica Superior de Arquitectura- Universidad de Navarra, 2004.