Arquitetura - Peripécias do exercício profissional.
Ao longo da carreira o arquiteto coleciona histórias, algumas
divertidas outras nem tanto. Deixando de lado as desagradáveis vamos comentar
uma vivenciada por um colega.
No processo de projeto muitas vezes precisamos deixar claro
ao cliente as responsabilidades que assumimos na elaboração de uma nova
edificação ou mesmo de uma reforma. Muitas vezes, ao colocarmos esses aspectos
corremos o risco de não sermos entendidos.
Um desses aspectos que é a segurança física de um edifício e
a responsabilidade que nos cabe, podem trazer desencontros que podem até se
tornarem divertidos.
Há alguns anos foi publicado um artigo numa revista, se não
me engano elaborado pelo arquiteto carioca Claudio Cavalcanti, onde ele fala de
uma experiência profissional que mostra a dificuldade de se fazer entender em
relação à segurança física de um edifício.
Chamado para projetar a reforma de um apartamento, os
proprietários colocaram suas intenções e necessidades. Entre elas seria a
demolição de um pilar que ficava no meio da sala. Numa boa prática profissional
ele esclareceu que não poderia eliminar o pilar em função da necessidade
estrutural do edifício. Para tanto fez uma explanação teórica, falando sobre a
construção de um imóvel com vários andares que implica em uma estrutura de concreto
independente das alvenarias, informando que as paredes não davam sustentação e
que a estabilidade dependia da estrutura com pilares e vigas. A ausência de um
dos pilares poderia trazer graves consequências para o edifício, explicou.
Nenhum de seus argumentos foram esclarecedores e mais uma vez
refez a explicação usando exemplos e demonstrando que a estrutura tinha uma
racionalidade semelhante ao esqueleto humano. Não se pode eliminar uma perna ou
um braço sem prejudicar as condições de saúde de uma pessoa e que a “saúde” do
edifício dependia de todos os pilares e vigas.
Entretanto, por mais que explicasse, não conseguia se fazer
entender. Num certo momento a proprietária afirma que de maneira nenhuma
aceitaria a permanência do pilar. E ponto final!
Nessas alturas a situação ficou constrangedora, o arquiteto
não poderia retirar o pilar em função dos argumentos anteriores e a
proprietária não abria mão de sua proposta. Conversa vai e conversa vem, num
certo momento ela abraçou o pilar e com ele saiu dançando, dizendo esse pilar
foi meu marido que fez, um armário com rodinhas, imitando um pilar no centro da
sala.
Pois é ..., as vezes ficamos sem palavras
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