quarta-feira, 8 de novembro de 2023

 Reformas



Projeto elaborado para instalação do Banco Safra no Tatuapé


quarta-feira, 23 de agosto de 2023

O arquiteto e o Mercado Imobiliário

 

Impressiona o elevado número de edifícios que estão em construção, em São Paulo. A Av. Rebouças, por exemplo, mudou completamente de aspecto nos últimos anos, com novas construções ou terrenos vazios resultantes de demolição das residências que até há pouco tempo caracterizavam a avenida.

Muitos desses novos edifícios chamam a atenção, quer seja pela existência de muitos terraços e espaços vazios, ou pelo uso dos pavimentos térreos para fins comerciais, criando novas linguagens arquitetônicas. Esses aspectos resultam da atual legislação que orienta edificações de uso múltiplo, com calçadas mais largas com acesso à áreas comerciais.

Meu objetivo neste texto é chamar a atenção para as informações contidas nas placas das obras e produtos promocionais para comercialização. É comum que apareçam o nome do incorporador, da construtora e outros participantes, mas raramente o nome do autor do projeto arquitetônico, a não ser quando são nomes consagrados pelas mídias e que emprestam prestígio à obra .

Seria esquecimento? Ou será porque o projeto arquitetônico é simplesmente uma peça na engrenagem, embora básica para a produção da edificação, que deixa de ser importante para comercialização que valoriza outros aspectos, tais como localização, proximidade a serviços gerais ou instituições culturais, transportes.

Analisando novos lançamentos do mercado imobiliário observei que somente cerca de 20% deles informa o autor do projeto arquitetônico. Em um dos lançamentos encontrei a seguinte frase “a arquitetura é contemporânea, mas de custo acessível”. Desta forma, numa mensagem subliminar, fica evidenciado que a arquitetura encarece a obra, quando, na realidade, um bom projeto racionaliza o espaço a ser construído. 

Outro aspecto a ser comentado é a ênfase que o mercado imobiliário atribui aos nomes dos edifícios. Será que nomes como “Heritage by Pininfarina” (Pininfarina é design automobilístico), “Maison Degas” ou “Palais Royal” são mais importantes do que o espaço interno dos apartamentos, desconsiderando onde e como se vai morar, passar grande parte do dia os espaços, tais como dormitórios onde somente é possível a colocação de camas se encostadas na parede, iluminação e ventilação inadequadas?

Onde estão os autores dos projetos? O mercado imobiliário, com algumas exceções, considera o projeto arquitetônico um elemento de importância relativa, na medida em que, poucas vezes essa informação é inserida nas matérias promocionais, mas ao mesmo tempo relevante para produção constitutiva da montagem do negócio imobiliário.

O projeto arquitetônico não tem a menor importância para muitos segmentos do mercado imobiliário. Deixa de ser uma peça fundamental na engrenagem e passa a ser um simples parafuso, importante, inicialmente, para sustentar a montagem do conjunto.

 

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

O ARQUITETO ENTRE A ARTE E A TECNICA

 Texto publicado na Revista Mais (Clube Alto dos Pinheiros) nº163 /p.8


Um belo encontro entre arte e ciência / Escada da nova Biblioteca Nacional de Paris

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Arquitetura é Música Petrificada?

 

Texto publicado na Revista Mais/AP do Clube Alto dos Pinheiros nº 162 de 11/22



sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Posso cortar a árvore do meu jardim?

 

Texto publicado na revista MAIS/AP - Clube Alto dos Pinheiros / nº 161

Há alguns dias, num restaurante, escutei essa pergunta na mesa ao lado. Uma senhora estava revoltada por não poder cortar uma árvore que estava em seu jardim; entupia as calhas e faziam sombras indesejáveis. Esta é uma pergunta recorrente, tanto em relação a áreas privadas como públicas.

Existem leis de proteção à cobertura vegetal tanto municipais, estaduais como federais, A Secretaria do Meio Ambiente do Município de São Paulo é responsável pela legislação local.

Grande parte dos cidadãos não sabem da necessidade de obter uma autorização para realização de corte de árvores. Nenhuma árvore pode ser cortada sem que haja uma permissão oficial, mesmo que, quando em áreas públicas atrapalhem a circulação de pedestres ou de veículos, ou ainda, atinja os fios de energia.

Em qualquer circunstância, o corte de árvores só é autorizado a partir de critérios específicos. Por exemplo, não é permitido o corte em função de queda de folhas, entupimento de calhas e lajes, sombreamento indesejável, presença de insetos ou fauna, proporções ou interferência na transmissão de dados sem fio.

Além disso, quem descumprir a legislação do corte de árvores estará sujeito a multa de oitocentos e quinze reais, no mínimo.  

Qualquer pessoa que julgar necessário o corte de árvores em propriedade privada ou pública terá que entrar em contato com a subprefeitura da sua região, que orientará como cortar árvores de maneira correta conforme a legislação; e mesmo que haja autorização, o responsável pela vegetação deve contratar uma empresa especializada em corte de árvores, a qual se encarregará pela contratação de um engenheiro ambiental responsável pela fiscalização do processo.

Para compreender as situações colocadas é necessário conhecer o papel que a arborização urbana representa para a cidade quanto ao abastecimento de água e energia, por exemplo.

Arvores no ambiente urbano tem diferentes funções tais, como reter a poluição do ar, manter o microclima, diminuir a temperatura, aumentar a umidade e permeabilidade do solo , além de sombrear calçadas.

Para quem se interessar em aprofundar a questão, existe na SAAP – Sociedade Amigos de Alto de Pinheiros – documentos que esclarecem os conteúdos de todas as leis vigentes.

Apesar disso, temos assistido, em toda a cidade, árvores sendo danificadas em função de rede elétrica e de transmissão de dados. Danos que fragilizam sua estrutura. Precisamos olhar criticamente essa questão. Numa próxima ocasião discutirei esse assunto, perguntando sobre a responsabilidade dessas concessionarias. Por enquanto termino respondendo à vizinha de mesa: Não, a senhora não pode cortar a árvore do seu jardim.


quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Na compra de um imóvel, quais aspectos considerar?

 



É um desafio comprar um imóvel, sobretudo para leigos, profissionais de outras áreas e campos do conhecimento. Muitos de nós já se depararam com esta situação, momento difícil que envolve aspectos objetivos e subjetivos a serem considerados.

Neste texto pretendo discutir aspectos físicos dos imóveis que podem influir no bem-estar das pessoas e que nem sempre são evidentes. Durante meu percurso profissional muitas vezes fui chamado para acompanhar clientes para orientá-los no sentido de realizarem melhores escolhas. Isto posto, como estruturo o meu olhar? O que observo? Como os oriento? Num primeiro momento situo o imóvel em relação às condições de insolação, ou seja, em relação à posição dos espaços edificados frente ao clima local.

Le Corbusier, importante profissional do século XX, escreveu uma mensagem sobre esta questão aos jovens arquitetos. Nela, afirma que em arquitetura o clima de uma região predomina sobre todas as coisas. Concordo com ele.

No entanto, nem sempre os autores de projetos arquitetônicos se lembram que entender o clima local é pré-condição para a criação de espaços arquitetônicos confortáveis. É raro encontrar a indicação dos pontos cardiais nos projetos apresentados em lançamentos imobiliários; a direção Norte, em São Paulo, significa conforto e saúde para o usuário.

Numa primeira visita levo comigo uma bússola (atualmente quase todos os celulares possuem uma) e verifico, antes de qualquer coisa, qual é a posição dos dormitórios em relação ao norte. Na cidade de São Paulo a melhor orientação solicita que os dormitórios estejam voltados para o norte – pouco sol no verão e muito sol no inverno; entretanto, como isso nem sempre é possível, aceita-se que estejam voltados para nordeste ou sudeste considerando que sol da manhã (nordeste) é menos agressivo que o sol da tarde (noroeste). Caso os dormitórios estejam em outra direção, por exemplo voltados para o quadrante sul (orientação que jamais recebe os raios solares) esses espaços serão propensos à formação de ácaros e mofo. Explico ao cliente os porquês, exagerando, que esses dormitórios são verdadeiras incubadoras de doenças pulmonares.

Em seguida examino os outros ambientes onde os aspectos de insolação não são tão importantes. As salas não devem estar voltadas para o oeste (onde o sol se põe) pois permanecem quentes nas noites de verão. Em outros ambientes, considerados de curta permanência (cozinhas e banheiros, por exemplo), a questão da insolação é mais flexível. Procuro, também, verificar os ambientes que são voltados para o sul, pois, em São Paulo, a predominância é de ventos que se originam no polo sul e consequentemente são frios. E os banheiros? A Legislação de São Paulo aceita que esses espaços tenham somente ventilação forçada, o que é permitido, mas nem sempre é a melhor solução.

Constato que maus exemplos podem ser facilmente encontrados em São Paulo. Os edifícios de apartamentos com quatro unidades por andar apresentam, na maior parte das vezes, uma das unidades de cada andar com insolação totalmente insatisfatória. São os apartamentos voltados para o quadrante sul (espaços que nunca recebem sol).

Observo também o desconhecimento (ou desconsideração?) de alguns arquitetos frente à insolação dos ambientes. Facilmente são observados edifícios, até mesmo considerados de alto luxo, em que os dormitórios são voltados para diferentes faces e consequentemente, cada um com um tipo de insolação. É como se o autor do projeto não tomasse uma decisão frente ao problema. São problemas sem conserto ao longo dos anos. Muitos autores de projetos se defendem desse tipo de crítica por meio da climatização dos ambientes, como se o ar condicionado resolvesse qualquer problema. Ele é relevante, sem dúvida, mas um bom projeto pode minimizar o seu uso e poupar energia.

Os empreendedores sabem disso, pois é comum observar, em lançamentos de novos empreendimentos, a existência de unidades habitacionais de menor preço que são aquelas com piores condições de insolação e ventilação.  

Em relação aos novos empreendimentos, o instrumento de vendas é o marketing. Normalmente os folders promocionais, quando mostram plantas de apartamentos, não indicam a posição do norte e nem mesmo a implantação do edifício no lote o que poderia dar uma pista para compreensão dos aspectos aqui levantados.

No processo de análise de um imóvel muitos outros aspectos também precisam ser considerados, mas deixarei para discuti-los numa próxima oportunidade.

 

 


sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Um Banheiro

Em 2015 iniciei a reforma de um apartamento. Esse apartamento na época da construção do edifício (1985) já havia sido adaptado por mim às necessidades do cliente. Muitas vezes fui chamado a rever projetos que havia feito há alguns anos, neste caso, passados 30 anos, alguns aspectos já haviam se tornado obsoletos, tais como banheiros e cozinha. Na revisão de um dos banheiros sugeri que fizéssemos um painel especial. Para tanto, propus a participação do artista arquiteto e artista plástico Silvio Dworeki, amigo há muitos anos e colega de trabalho na FAUUSP. O resultado foi excepcional e gostamos muito de fazer. Nosso cliente ficou muito satisfeito e nós também com o resultado. As fotos abaixo mostram um pouco desse trabalho. As fotos abaixo, realizadas no banheiro ainda em obras. O apartamento ficou pronto no início da pandemia. Ainda não foi possível atualizar essas fotos.








Projeto desenvolvido pela minha equipe: Arqtª Priscilla Goya e Arqtº Erick Santos