sexta-feira, 19 de junho de 2020

Residência Joaquim Barretto


Texto publicado pelo arquiteto Fernando Gobbo
Residência Joaquim Barretto, projeto de 1978 dos arquitetos Francisco Segnini e Joaquim Barretto.
Os arquitetos são responsáveis por obras de extrema importância para o legado arquitetônico de Ribeirão Preto, onde atuaram com competência, projetando e construindo juntos arquiteturas icônicas.
Uma das obras de maior maturidade dessa dupla, a casa localizada no bairro do Pacaembú, em São Paulo, é impressionante: da rua não se tem ideia do desnível acentuado do terreno (praticamente 100% de inclinação), com estrutura de concreto armado que possibilita grandes vãos, e lajes que vão descendo cadenciadamente o declive, marcado por uma solução engenhosa de arquibancada arrimo. Para o transeunte alheio, entretanto, a construção não é menos impactante, exibindo dois pavimentos superiores, de seus 5 andares), estrutura de concreto armado aparente, alvenarias revestidas com pastilhas azul-marinho, vidros fixos com janelas de madeira que fecham por dentro, grandes beirais que acomodam um generoso telhado cerâmico de quatro águas, além do volume da caixa d’água, marcando onde se encontra também a circulação vertical.
Se já não bastasse essa liberdade com que os arquitetos definem o projeto, uma arquitetura refrescante em meio ao cansaço do “brutalismo paulista” da época, o portão de entrada, a cor, o vermelho, tão bem usado pelos arquitetos, aparece na paisagem de maneira marcante.
O projeto foi publicado na revista italiana Domus e também na Revista Projeto, atribuindo a autoria do projeto erroneamente apenas a Barretto, em um momento em que ambos os arquitetos ainda trabalhavam juntos em sociedade.
Vemos nessa postagem a necessidade de corrigir esse erro, e garantir também a Francisco Segnini a importância no desenvolvimento de obra tão icônica e representativa do legado que ambos deixaram.
Imagem: Acervo dos autores (2016).