sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Um Banheiro

Em 2015 iniciei a reforma de um apartamento. Esse apartamento na época da construção do edifício (1985) já havia sido adaptado por mim às necessidades do cliente. Muitas vezes fui chamado a rever projetos que havia feito há alguns anos, neste caso, passados 30 anos, alguns aspectos já haviam se tornado obsoletos, tais como banheiros e cozinha. Na revisão de um dos banheiros sugeri que fizéssemos um painel especial. Para tanto, propus a participação do artista arquiteto e artista plástico Silvio Dworeki, amigo há muitos anos e colega de trabalho na FAUUSP. O resultado foi excepcional e gostamos muito de fazer. Nosso cliente ficou muito satisfeito e nós também com o resultado. As fotos abaixo mostram um pouco desse trabalho. As fotos abaixo, realizadas no banheiro ainda em obras. O apartamento ficou pronto no início da pandemia. Ainda não foi possível atualizar essas fotos.








Projeto desenvolvido pela minha equipe: Arqtª Priscilla Goya e Arqtº Erick Santos

Espaço urbano e fiação elétrica aérea

 

Texto Publicado na revista MAIS/ Clube Alto dos Pinheiros nº148

Quando pensei em falar sobre a fiação aparente me ocorreu introduzir uma foto para reafirmar o que queria salientar. Depois, andando pela cidade, conclui que a situação é tão recorrente e visível nas diferentes regiões de São Paulo que a introdução de uma foto seria irrelevante.

Os postes de transmissão de energia elétrica e iluminação pública existentes passaram a ser, nos últimos anos, suporte para outros serviços tais como cabos de telecomunicação acarretando grave poluição visual, a qual, além da questão estética das cidades, contribuem com a má qualidade dos serviços dessas concessionárias. Furtos de fios, vandalismos e diversas forma de acidentes são recorrentes e provocam insegurança da população. Grande parte desses acidentes são provocados pela forma com que as árvores existentes são tratadas por meio de podas que priorizam a fiação e destroem a estrutura da vegetação.

A fiação aérea apresenta muitas desvantagens quando comparada com as redes de distribuição subterrâneas. O cabeamento elétrico aéreo é adotado por ter um custo menor de instalação embora os custos de manutenção sejam mais elevados. Em contrapartida, o cabeamento subterrâneo, embora tenha custo inicial mais elevado, reduz os problemas citados.

As grandes capitais do mundo, mais estáveis em seu processo de crescimento, adotam as redes subterrâneas. São Paulo, uma cidade que no início do século XX tinha menos de 300 mil habitantes chega ao século XXI com 12 milhões (região metropolitana – 21,50 milhões), teve um crescimento violento e desordenado assim como a distribuição de energia elétrica. Não se pode comparar com cidades como Paris que nos anos de 1900 já tinha uma população de 1 milhão e atualmente conta com 2,1 milhões de habitantes (região metropolitana - 10 milhões), onde, atualmente a fiação é praticamente toda subterrânea.

Em São Paulo, o processo de aterramento da fiação começou nos anos de 1940, entretanto, segundo a Eletropaulo, em 2019 somente 7 % da cidade tinha fiação subterrânea. No ano de 2005 houve a intenção de tornar obrigatório o aterramento do cabeamento por meio da Lei nº 14.023 de 2005 do Município de São Paulo, entretanto essa lei não foi implementada em função de demandas judiciais. Em 2017 a Prefeitura de São Paulo, mais uma vez, procura providenciar o aterramento da fiação por meio do “Programa São Paulo sem Fio”. Esse programa, após diálogo com as concessionárias de energia e de telecomunicação, consegue o aterramento de 65,2 km de redes aéreas e a retirada de 3.014 postes, beneficiando 170 vias da cidade requalificando algumas regiões e áreas centrais.

 

Atualmente tramita na Assembleia Nacional o Projeto de Lei 88/21 fixando o prazo de dez anos para que as concessionárias de energia elétrica e de telefonia providenciem a fiação subterrânea.

Isto posto, trata-se de um assunto em discussão na sociedade, fundamental para a melhoria dos espaços urbanos e para a segurança da população. Como sou otimista, acredito que São Paulo pode vir a ser uma cidade muito bonita.