terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Palestra em Curitiba

28/11/2013

UTFPR – Universidade Tecnológica Federal do Paraná


Curso de Arquitetura e Urbanismo
Coordenadora do curso - Arqtª Isabel  Maria de Melo Borba
9ª Semana Acadêmica de Arquitetura e Urbanismo.


Fui convidado pela coordenação do curso para fazer uma palestra sobre
A Profissão do Arquiteto e do Urbanista no Brasil Contemporâneo.

Tratei  nesta oportunidade de aspectos da profissão do arquiteto e do urbanista, minha área de pesquisa acadêmica.

Desta forma foram abordados alguns temas que envolvem desde o processo de profissionalização do arquiteto e do urbanista até as atuais condições do mercado de trabalho.

Assim, foram tratados os assunto relacionados com os tópicos abaixo indicados:

§  Profissionalização / Histórico.

§  Ensino / Formação Profissional.

§  Exercício Profissional / Dificuldades.
Ø Contratos.
Ø Concursos
Ø Mercado Imobiliário
Ø Marketing
Ø Gênero

§  Mercado de Trabalho.

Fotos de diferentes momentos do evento.

Isabel fazendo a apresentação





terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Arquitetura Moderna e seus descendentes

A  Associação dos Engenheiros, Agrônomos e Arquitetos de Ribeirão Preto / SP -  AEAARP -  organizou no período de 21 a 26 de outubro de 2013  a 4ª Semana de Arquitetura, coordenada pelo seu diretor de arquitetura Arqtº Carlos Palladini.
 Esse encontro teve como objetivo discutir a arquitetura elaborada por arquitetos, classificados pelos organizadores como descendentes da "arquitetura moderna".
Nessa perspectiva foram convidados como palestrantes os arquitetos Alberto Botti, Angelo Bucci e eu (Francisco Segnini Jr). Arquitetos com obras realizadas em Ribeirão Preto.
Acredito que eu tenha sido convidado em função do conjunto de obras cujos projetos foram elaborados, num primeiro momento, por mim em coautoria com o arquiteto Joaquim Barretto falecido em 1985.
Nosso primeiro projeto (1966) foi realizado para edificação de uma residência em Ribeirão Preto. Trata-se de um projeto com cobertura em abóboda e concreto aparente, solução e materiais até então não utilizados na região. A partir desta obra tivemos a possibilidade de elaborar outros projetos, sendo que um deles recebeu o prêmio do IAB/SP na época.
Residência MM / 1º Projeto



Residência AG /projeto premiado 


 Na oportunidade discuti o meu percurso profissional, apresentando projetos elaborados nos últimos 45 anos. Aproveitei a oportunidade para discutir a profissão do arquiteto e urbanista ( minha área de pesquisa na Universidade de São Paulo) a partir de aspectos discutidos em meu trabalho de livre docência, tais como a atual  presença de gerenciadoras que não permitem o acesso do arquiteto ao cliente e a forma como são organizados os concursos de arquitetura no Brasil, os quais desvalorizam a profissão, além de mostrar à sociedade que existem profissionais que podem trabalhar sem receber honorários.



Arquiteto Francisco Segnini Jr, durante a palestra

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

São Paulo e Elizabeth de Portzamparc


É inacreditável o espaço dado por este jornal (Estadão / Caderno Dois / 13 de dezembro de 2013) a Elizabeth de Portzamparc. Suas observações sobre a cidade e sua arquitetura são superficiais e repletas de adjetivos. Analisa as propostas urbanas atuais enfatizando incompetências de nossos técnicos, os quais estudam esta cidade há décadas. Que autoridade tem uma recém-chegada para tanto?
Quanto a suas observações sobre a arquitetura paulista, me remetem a nada mais que um jogo de marketing. Tudo aqui é muito ruim, quadrado, geométrico, etc.
Será que mais uma vez estaremos precisando “beber na fonte do conhecimento”? Até quando a cultura dos colonizadores deve ser aceita sem crítica?
A visita desta senhora transformará São Paulo e sua arquitetura ou simplesmente trata-se de mais um escritório querendo se estabelecer nestas paragens e, para tanto, pretende destruir o conhecimento acumulado por nossos arquitetos e urbanistas.

Em sua fala deixa ainda transparecer que não existe em São Paulo qualquer “evento arquitetural” de importância, e, portanto, precisará de seus projetos para tanto. Entretanto, os projetos de sua autoria publicados por este jornal mostram total desrespeito ao entorno. Seriam “um peru num pires” ou um disco voador que pousou acidentalmente em frente ao anfiteatro romano em Nîmes?

Arquitetura e Mercado Imobiliário

No final de novembro deste ano foi lançado o livro - Arquitetura e Mercado Imobiliário - organizado por Heliana Comim Vargas e Cristina Pereira de Araujo.

Convidado pela Profa. Heliana, tive o prazer de escrever o prefácio o qual encontra-se abaixo





Prefácio

O conjunto de textos que compõe este livro analisa a relação entre produção imobiliária para mercado e arquitetura. Inaugura uma discussão oportuna no momento em que a arquitetura, enquanto edificação se transforma em um negócio em detrimento das necessidades do usuário. O objetivo do empreendimento imobiliário é o lucro e a arquitetura um produto a ser comercializado, uma mercadoria inserida na lógica capitalista.
Este livro problematiza os principais aspectos que envolvem essa produção, desde o momento em que o cliente deixa de ser o usuário do espaço a ser edificado e a demanda passa a ser orientada pelo marketing e seus agentes. Para o incorporador, principal agente imobiliário, seu negócio é o empreendimento na perspectiva da obtenção do maior lucro possível. Nesse sentido, cabe a ele, incorporador, definir o construtor, o projeto arquitetônico e os padrões de projeto; conhece o mercado em que atua e orienta o arquiteto com precisão em relação ao produto mais vendável na localização pretendida.
Todos os aspectos que envolvem a incorporação de um empreendimento são abordados neste trabalho. Os diferentes capítulos discutem os problemas relativos à localização, à legislação edilícia, aos programas de interesse do mercado, além das políticas públicas que propiciam investimentos nas áreas denominadas de interesse social.
  A produção da edificação para mercado ao se tornar mercadoria apresenta todas as contradições do processo de produção capitalista. A tensão entre arte, técnica e mercado marca a profissão do arquiteto e a produção do projeto arquitetônico, desde o renascimento. Neste momento histórico se intensifica, principalmente, na produção para o mercado imobiliário. Dessa forma, a afirmação de Louis Sullivan - a forma segue a função – pode ser substituída por - a forma segue a função e o lucro - como afirma David Harvey.
Observa-se, então, discrepâncias entre o que o arquiteto entende como projeto arquitetônico de qualidade e como o incorporador percebe o projeto. O arquiteto procura, por meio de sua produção, um projeto cujo resultado expresse uma contribuição cultural ao momento histórico a que pertence, atendendo às necessidades do usuário e contribuindo para a produção do conhecimento. A arquitetura expressa um determinado momento histórico.
O incorporador compreende a produção do projeto arquitetônico como parte de seu negócio, procurando imprimir a maior liquidez possível ao seu investimento. O incorporador precisa controlar todos os riscos do empreendimento que desenvolve e uma forma de controlar riscos é centralizar trabalhos terceirizados em fornecedores com experiência no ramo e em quem confia.
Nessa perspectiva, observa-se também que o projeto arquitetônico e seus complementares deixam de ser gerido pelo seu autor. Todos os projetos complementares são elaborados por profissionais indicados pelo incorporador. A coordenação ou o gerenciamento desses trabalhos é, normalmente, executado por outro profissional – engenheiro ou arquiteto – também contratado pelo incorporador. Os projetos complementares atualmente recebem a denominação de disciplinas. O resultado é o fracionamento do projeto, na medida em que sofre diferentes tipos de interferências. Por exemplo, há algum tempo, um edifício em construção na Av. Paulista, em São Paulo, apresentava duas placas de autoria, uma delas indicava um arquiteto como autor do projeto e um segundo arquiteto como autor da fachada. A unidade projetual é destruída, criando novos profissionais, tais como, gerenciadores, coordenadores de projetos, projetista de esquadrias, projetista de fachadas, projetistas de alvenarias, além de outros.
O corretor de imóveis interfere de maneira contundente nas campanhas publicitárias. David Harvey se refere a esse profissional como coordenador passivo do mercado. O marketing para venda é mais importante que o projeto. O custo de uma campanha varia entre 3 a 6% do VGV – Valor Geral de Vendas, que corresponde, frequentemente, a seis vezes mais do que o valor do projeto praticado pelo mercado.
A arquitetura é, nesse contexto, mais uma mercadoria, e o arquiteto, um “profissional”, no sentido atribuído por Quaroni quando afirma que “o projetista não está culturalmente interessado na produção do projeto arquitetônico, seja porque somente está comprometido profissionalmente – quer dizer, para obter o máximo resultado econômico com o mínimo esforço – seja porque está integrado e de acordo com um processo de projeto dominado pelo capital, público ou privado, que trata de reduzir ao mínimo os desperdícios e os riscos, atuando assim com a lógica do profissional puro”.
 Nessa mesma direção se coloca Portzamparc quando afirma que a lógica da sociedade tecnicista fraciona o real em campos de competência, criando, muitas vezes, situações contraditórias, mesmo assim, essa lógica avança, pois ela minimiza as incertezas. Toda a lógica produtiva parece excluir a arquitetura ou incorporá-la enquanto mercadoria.
A discussão proposta por Heliana Comin Vargas e Cristina Pereira de Araujo analisa a maior parte dos aspectos que envolve a produção da arquitetura para mercado, apropriando-se da história da produção imobiliária desde 1870. Para iluminar o presente discute o significado do processo de certificação das edificações e suas implicações no projeto, aspecto que atualmente tem permeado a produção arquitetônica para mercado em função de seu grande apelo mercadológico.

Os textos vão além das relações entre arquitetura e habitação, discutem a participação do arquiteto enquanto profissional nesse contexto, incorporando e discutindo empreendimentos, tais como shopping - centers, hotéis e edificações de uso múltiplo.