quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Experiência / Atelier vertical / École National Superiere d'Architecture Paris - Val de Seine


Relatório de viagem
Paris / França
Período: de 10/11 a 28/11/2010


Objetivo:
Na condição de Coordenador da COCAU, recebi convite enviado pelo diretor – Sr. Jean- Claude Moreno - da École National Superieure Paris – Val de Seine para participar dos trabalhos desenvolvidos pelo “Atelier Tabet” naquela escola durante 2 semanas.


INTRODUÇÃO

Este afastamento teve como objetivo conhecer a experiência didático – pedagógica desenvolvida pelo “Atelier Tabet” na École National Superieure d’Architecture Paris – Val de Seine, situada a 3/15 quai Panhard et Levassor, 75013, Paris. O “Atelier Tabet” é uma reelaboração do antigo “Atelier” da École des Beaux Arts. Os trabalhos são desenvolvidos de maneira que os estudantes possam desenvolver seus trabalhos em diferentes momentos – trabalhos individuais e trabalhos coletivos.
Considerando ainda que sou coordenador dos convênios de intercâmbio de professores e alunos estabelecidos pela FAUUSP com as escolas francesas - École Nationale Superieure d’Architecture de Paris La Villete -  e - École Nationale Superieure d’Architecture de Paris Belleville -, um dos objetivos desta viagem foi desenvolver essas relações no sentido de discutir políticas para desenvolvimento desses intercâmbios, além de procurar resolver problemas que temos vivido em função de número de vagas e solicitações diretas sem interveniência da CCINT-FAU.
Além disso, esta viagem teve como objetivo um novo contato com a École National Superieure d’Architecture de Nancy, na medida em que estamos já em processo de intercâmbio de alunos sem ainda termos assinado o necessário convênio.
Tendo como objetivo a minha linha de pesquisa, reservei parte do tempo para elaborar pesquisa bibliográfica em algumas bibliotecas.

PROGRAMA DE TRABALHO

Dia
Hora
Contato
Observação
11/11
14:00
Chegada em Paris
Definição de alojamento.
12/11
11 :00
ENSA Paris – Val de Seine
Marco Tabet
Contatos iniciais e definição de agenda
13/11

Sábado

14/11

Domingo

15/11
10 :00
ENSA Paris – Val de Seine
Julian ( massier)[1]
Conhecer o atelier e maneira / forma de funcionamento
15 :00
Biblioteca da Cité de l’architecture e Patrimoine /
Pesquisa Bibliográfia.[2]
16/11
10 :00
ENSA Paris – Val de Seine
Atelier Tabet
Contato com alunos e orientação de trabalhos
15 :00
Biblioteca da ENSA Paris – Val de Seine
Pesquisa Bibliográfia.[3]
17/11
10:00
ENSA Paris – Val de Seine
Atelier Tabet
Participação em avaliação de trabalhos
18/11
11:00
Saída de Paris em direção a Nancy

19/11
13:30
Vista a ENSA de Nancy
Reunião com professor
20/11

Sábado

21/11

Domingo

22/11
10:00
ENSA Paris – Val de Seine
Atelier Tabet
Participação em avaliação de trabalhos
23/11
10:00
ENSA Paris – Val de Seine
Atelier Tabet
Participação em avaliação de trabalhos
15:00
ENSA Paris - LaVillette
Reuniãoc/Nicole Videment
24/11
10 :00
ENSA Paris – Val de Seine
Atelier Tabet
Participação em discussão de trabalhos
25/11
10 :00
ENSA Paris – Val de Seine
Atelier Tabet
Participação em orientação de trabalhos
26/11
10 :00
ENSA Paris - Belleville
Reuniãoc/Crestin-Billet
11 :00
Biblioteca da ENSA Paris – Belleville
Pesquisa Bibliográfia.[4]
15 :00
ENSA Paris – Val de Seine
Atelier Tabet
Participação em orientação de trabalhos
CONSIDERAÇÕES GERAIS
1.                 “Atelier” / ENSA Paris-Val de Seine.
A École National Superieure d’Architecture Paris – Val de Seine desenvolve o ensino de projeto de duas maneiras distintas. Uma delas, chamadas de “Studios” corresponde ao ensino de projeto como é desenvolvido na maioria das escolas no Brasil: os alunos elaboram um ou dois projetos durante todo o semestre letivo com a orientação de um professor. A outra forma trata-se do que costumamos chamar de Atelier Vertical onde alunos de todos os períodos trabalham num mesmo espaço, de maneira individual e/ou coletiva, conforme programação elaborada pelo conjunto dos professores. Cada “Atelier” tem cerca de 40 a 50 alunos.
Fotos da Escola[5]
O convite que recebi foi para conhecer e participar durante duas semanas das atividades de um desses ateliers – o “Atelier Tabet” que é coordenado pelo Prof. Dr. Marco Tabet[6].
A experiência foi muito boa no sentido de compreender a metodologia utilizada pelos “Ateliers” dessa escola e da estrutura/grade horária para ensino do projeto arquitetônico e urbano.
O curso é, segundo “Resolução de Bolonha”, dividido em 1º e 2º ciclos. O 1º ciclo é composto por 6 semestres (3 anos) e o 2º ciclo tem 4 semestres (2 anos).
Neste relatório me limitarei a comentar somente o curso de projeto arquitetônico e urbano, na medida em que, o ensino da prática tanto do projeto arquitetônico como do projeto urbano se dão numa mesma disciplina chamada “Exercício de Projeto”[7].
Segue abaixo tabela demonstrativa dos tempos dedicados ao projeto durante o primeiro ciclo[8].

1º ciclo
Horas
Sala de aula
Horas
Extra sala
% de horas para projeto em relação às outras disciplinas
1º semestre
120
110
36,5%
2º semestre
120
110
32,5%
3º semestre
120
170
44,3%
4º semestre
120
170
40,0%
5º semestre
90
176
37,8%
6º semestre
90
170
36,8%

Durante o segundo ciclo, independentemente do tema de aprofundamento do aluno, ele permanece nos “Ateliers”, ou nos “Studios”.
Tive oportunidade de observar o esvaziamento dos “Studios” onde o professor orienta certo número de alunos de maneira individual e em alguns dias da semana. A efervescência dos “Ateliers” se dá em função da presença de professores em todos os dias da semana durante todo o período (das 8 à 18 hs), além da possibilidade de permanência na escola até as 21 hs. Professores de outras disciplinas, tais como, tecnologia, história, etc. são chamados para discutir e orientar os alunos em suas dificuldades práticas
 Além disso, a própria estrutura física e organizacional permite essa atividade constante. Cada grupo de alunos (por ano) tem seu espaço definido, ao lados dos alunos de outros anos. Outro aspecto aglutinador é a existência do “massier”, trata-se de um aluno eleito pelo grupo de alunos para administrar e gerenciar da “massa” por um determinado período. A “massa” é o conjunto de materiais (papel, canetas, lápis de cor, madeira e papeis especiais para maquete, etc.) que estão permanentemente à disposição de todos os alunos, sendo que, para tanto, todos contribuem, de maneira equitativa, com uma parcela desses custos. O espaço físico também propicia a formação dessa pequena comunidade, na medida em que, é um espaço com segurança onde ficam trabalhos e materiais sobre as mesas, de maneira que possa ser retomado a qualquer instante. Lá eles almoçam, tomam lanche, etc. Alguns equipamentos são doados por alunos, ex-alunos ou professores, equipamentos tais como: geladeira, micro-ondas, etc.

Didaticamente os alunos são organizados por ano (1º, 2º e assim sucessivamente) considerando que o acesso ao curso somente se dá anualmente. No primeiro momento, ao ingressar no curso, o conjunto dos alunos do 1º ano (cerca de 150) são distribuídos aleatoriamente entre “Studios” e “Ateliers”; somente a partir do segundo ano é aceita a mobilidade de entre processos de ensino.   


Alunos do 3º ano em torno do professor de estrutura discutindo coletivamente o trabalho que está sendo desenvolvido

Os trabalhos são desenvolvidos individualmente em grande parte do tempo disponível, entretanto, a programação é bastante pesada no sentido de entregas de trabalho ou etapas de trabalho a cada duas semanas, além de encontros coletivos (todos os alunos do “Atelier”) onde desenvolvem atividades programadas com os mais diferentes conteúdos. Todo trabalho ou etapa de trabalho é avaliado coletivamente com exposição onde os comentários e análises são feitas para todo o grupo de alunos envolvidos.



Apresentação de trabalhos de alunos do 2º ano


Maquetes do 2º ano


Apresentação de trabalhos do 1º ano


Chama a atenção a solidariedade existente entre alunos, os quais se colocam a disposição para dos colegas de outros semestres para esclarecimento de dúvidas, orientações específicas ou trocas de informações, mesmo que estejam desenvolvendo trabalhos completamente particulares. O “Atelier” forma uma comunidade solidária, por exemplo, quando os alunos de um semestre têm um trabalho para entregar outros alunos procuram ajudar, contribuindo com conhecimentos já adquiridos.
Além disso, essa solidariedade se estende também aos professores e egressos. Nota-se a presença de ex-alunos nos mais diferentes horários. Visitam o “Atelier” a pedido ou convite dos colegas estudantes.
As atividades dos “Ateliers” não se limitam a trabalhos acadêmicos. Freqüentemente, as sextas feiras, são organizadas festas ou atividades extra-curriculares (por ex: palestras) no início da noite. Esses encontros terminam sempre com uma festa com a participação de professores, alunos e ex-alunos.
Nos dias em que estive lá pude participar de uma dessas festas. Tratava-se de um concurso de doces e coquetéis elaborados e apresentados pelos alunos do 1º anos os quais eram avaliados por alunos do último ano e por ex-alunos convidados; a avaliação se referia tanto à qualidade dos produtos quanto à forma de apresentação o que provoca fantasias, músicas especiais, danças, etc.

Preparando o espaço para a festa.

Preparando os coquetéis e doces

Alunos apresentando e júri anotando segundo critérios definidos

2.                  Visita à ENSA de Nancy.
Conforme informado anteriormente, um de nossos objetivos era estabelecer um encontro com a ENSA de Nancy (situada a 2, rue Bartien-Lepage / Nancy) com o objetivo concretização do convênio de intercâmbio com a FAUUSP.
Fui recebido pelo Sr. Fabrice Picquet (fabrice.picquet@nancy.archi.fr) , responsável por Relações Internacionais daquela escola.
Trata-se de uma escola muito ligada ao curso de engenharia (mesmo fisicamente, os edifícios são um ao lado do outro) e às atividades desenvolvidas pela região – madeira e vidro.
O plano de trabalho didático pedagógico está estruturado segundo a “Resolução de Bolonha” e é interessante notar que o 2º ciclo, que é a fase de aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no 1º ciclo (licence), está voltado ás atividades locais – vidro, madeira e design.
O 2º ciclo (chamado na Europa de MASTER) é estruturado em 3 cursos diferentes:
- Architecture / Modelisation / Environnement
- Verre / Design / Architecture.
- Architecture / Bois / Construction.
Esta escola propicia também o 3º ciclo[9] (Doctorat) em “Sciences de l’ Architeture”. 

3.                  ENSA Paris-La Villete (École Nationale Superiere d’Architecture Paris-La Villette)

Esta visita tinha como objetivo estabelecer contato com Sra. Nicole Videment (nicole.videment@paris-lavillette.archi.fr) no sentido de definir padrões de atitudes em função de estarmos (CCINTFAU) com alguns problemas quanto a informações dadas a alunos fora do convênio, os quais entravam em contato direto com a escola francesa sem passar pelo processo seletivo da CCINTFAU. O contato teve sucesso e ficou combinado que as vagas oferecidas por aquela escola são as definidas pela convenção, dessa forma evitando mal entendidos.
Entrada da escola
Livros que devem ser lidos

4.                  ENSA Paris-Belleville (École Nationale Superiere d’Architecture Paris-Belleville)
Assim como no caso anterior, a FAUUSP já tem convênio assinado com esta escola e já temos estudantes em intercâmbio e, em função disso, procurei nossa interlocutora (Blandine Crestin-Billet – blandine.crestin-billet@paris-belleville.archi.fr) no sentido de aprofundarmos as relações já conveniadas.
Esta escola encontra-se em um novo edifício executado para  recebê-la. Trata-se de um grande edifício anexado a uma escola secundária antiga que foi restaurada.

Vista da Rua

Pátio interno

ANEXO 1. - Bibliografia Levantada

ARNAUD, François, CLING, Daniel, Transmettre en Architecture de l’heritage de Le Corbusier à l’ enseignement de Henri Ciriani, Paris : Editions du Moniteur, 2002

BIAU, Veronique, LAUTIER, François , La qualité architectural – Acteurs e Engeux , Paris : Editions La Villette, 2009.

BOUDON, Philippe, Conception , Paris : Editions La Villette, 2004
BOUDON, Philippe, Échelle(s) – La bibliotèque des Formes, Paris : Ed. Economica, 2002
CONAN, Michel, Concevoir un projet d’architecture, Paris : L’Harmattan, 1990
DUCRET A., GRIN C., MARTI P. & SOEDERSTROEM O., Architecte en Suisse. Enquête sur une profession en chantier, Lausanne: PPUR/Le savoir suisse, 2003, 128 pp. (ISBN 2-88074-577-29)
DURAND, Jean Pierre, La representatio du projet- aproche pratique et critique, Paris : Ed. De La Villette, 2003
HODDÉ, Rainier (org), Qualités Architecturales – Conception, Signification, Position. Paris : Ed. Jean Michel Place, 2006

HUET, Michel, L’Architecte auteur- Pratiques quotidiennes de droit d’auteur en architecture, paysage e urban, Paris, Ed du Moniteur, 2005

PROST, Robert , Concevoir, Inventer, Créer / Réflexions sur le pratiques, Paris, L’Harmattan, 2005

VALCÁRCEL, Antonio Garcia, Deontología para Arquitectos, Navarra, Escuela Técnica Superior de Arquitectura- Universidad de Navarra, 2004.



 



[1] “massier” é o nome que recebe o estudante que é responsável por todo o material de consumo do atelier. Recebe a contribuição de todos os alunos, faz as compras e controla o consumo. Esta é uma posição que se altera todos os anos.
[2] Bibliografia anexada
[3] Bibliografia anexada
[4] Bibliografia anexada
[5] Projeto de autoria doArquiteto Frédéric Borel, resultado de concurso / 2007
[6] O Prof. Marco Tabet é formado pela FAUUSP e vive há cerca de 20 anos em Paris, sempre como professor em escola de arquitetura.
[7] Caso haja interesse de aprofundar o conhecimento sobre grade horária ou maiores informações sobre esta escola procurar a CCINTFAU ou pelo site http://www.paris-valdeseine.archi.fr
[8] O 2º ciclo de ensino de arquitetura e urbanismo, em todas as escolas francesas, são desenvolvidos tendo como um tema de aprofundamento, quer seja na área da arquitetura quer seja na área do urbanismo.
[9] Segundo “Bolonha”












































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