sexta-feira, 21 de maio de 2021

 


Arquitetura - Peripécias do exercício profissional.

 Texto publicado na revista Mais/AP número 142

Ao longo da carreira o arquiteto coleciona histórias, algumas divertidas outras nem tanto. Deixando de lado as desagradáveis vamos comentar uma vivenciada por um colega.

No processo de projeto muitas vezes precisamos deixar claro ao cliente as responsabilidades que assumimos na elaboração de uma nova edificação ou mesmo de uma reforma. Muitas vezes, ao colocarmos esses aspectos corremos o risco de não sermos entendidos.

Um desses aspectos que é a segurança física de um edifício e a responsabilidade que nos cabe, podem trazer desencontros que podem até se tornarem divertidos.

Há alguns anos foi publicado um artigo numa revista, se não me engano elaborado pelo arquiteto carioca Claudio Cavalcanti, onde ele fala de uma experiência profissional que mostra a dificuldade de se fazer entender em relação à segurança física de um edifício.

Chamado para projetar a reforma de um apartamento, os proprietários colocaram suas intenções e necessidades. Entre elas seria a demolição de um pilar que ficava no meio da sala. Numa boa prática profissional ele esclareceu que não poderia eliminar o pilar em função da necessidade estrutural do edifício. Para tanto fez uma explanação teórica, falando sobre a construção de um imóvel com vários andares que implica em uma estrutura de concreto independente das alvenarias, informando que as paredes não davam sustentação e que a estabilidade dependia da estrutura com pilares e vigas. A ausência de um dos pilares poderia trazer graves consequências para o edifício, explicou.

Nenhum de seus argumentos foram esclarecedores e mais uma vez refez a explicação usando exemplos e demonstrando que a estrutura tinha uma racionalidade semelhante ao esqueleto humano. Não se pode eliminar uma perna ou um braço sem prejudicar as condições de saúde de uma pessoa e que a “saúde” do edifício dependia de todos os pilares e vigas.

Entretanto, por mais que explicasse, não conseguia se fazer entender. Num certo momento a proprietária afirma que de maneira nenhuma aceitaria a permanência do pilar. E ponto final!

Nessas alturas a situação ficou constrangedora, o arquiteto não poderia retirar o pilar em função dos argumentos anteriores e a proprietária não abria mão de sua proposta. Conversa vai e conversa vem, num certo momento ela abraçou o pilar e com ele saiu dançando, dizendo esse pilar foi meu marido que fez, um armário com rodinhas, imitando um pilar no centro da sala.

Pois é ..., as vezes ficamos sem palavras

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